O estudo genético mais expressivo já feito na população brasileira foi o realizado pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Nele, foi analisado o DNA de 200 brasileiros que se autodeclararam brancos (que formam a maioria da população, 53%), de quatro regiões administrativas do país: Norte, Nordeste, Sul e Sudeste.
O estudo analisou o cromossomo sexual Y (presente apenas em homens), que é passado de geração em geração, de pai para filho. Também foi analisado o DNA mitocondrial, passado de mãe para filho ou filha. O cromossomo Y e o DNA mitocondrial fornecem informações complementares, permitindo traçar patrilinhagens e matrilinhagens que alcançam dezenas de gerações no passado, podendo assim reconstruir a história genética de um povo.
Ancestralidade indígena e negra em brasileiros brancos
Através desse mapeamento genético, chegou-se a conclusão que o brasileiro de cor branca é descendente quase que exclusivamente de europeus do lado paterno (98%). Já no lado materno, apresenta uma intensa miscigenação: 33% de linhagens ameríndias, 28% de africanas e 39% de européias. Isso é explicado historicamente: no início da colonização, os colonos portugueses não trouxeram suas mulheres, o que acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheres indígenas e, mais tarde, com as africanas. Em outras palavras, a maior parte dos brancos do Brasil tem 98% de seus antepassados homens oriundos da Europa, enquanto 60% de suas antepassadas eram indígenas ou africanas.
Influência portuguesa no DNA brasileiro
Os portugueses formaram o maior grupo de imigrantes a desembarcar no Brasil e, por isso, o DNA de brasileiros brancos e de portugueses é extremamente semelhante. Características genéticas dos portugueses estão evidentes nos brasileiros: o haplótipo 21, encontrado no Norte da África é bastante presente em brasileiros (14%) e portugueses (12%), atingindo quase 25% no Algarve (extremo Sul de Portugal) e é oriundo dos invasores mouros provenientes do norte africano, que governaram Portugal por 450 anos. Outra característica portuguesa evidente nos brasileiros é o haplogrupo 9, trazido provavelmente por judeus portugueses que se estabeleceram no Brasil.
Influência dos imigrantes no DNA brasileiro
Os diversos grupos de imigrantes que se estabeleceram no Brasil a partir da segunda metade do século XIX também deixaram marcas no DNA brasileiro. No Sul do Brasil a ocorrência do haplogrupo 2 (19%), é maior que em Portugal (13%), esse fato se deve provavelmente à forte presença de alemães e italianos na região.
Conclusão
Já se esperava encontrar evidências genéticas de ancestralidade não-européia em brasileiros brancos, porém, não se esperava encontrar números tão altos. A ancestralidade da maioria dos brasileiros brancos remonta, na época colonial, quase exclusivamente a homens portugueses, mas, por outro lado, a números quase equivalentes de mulheres brancas, indígenas e negras. Outra surpresa foi encontrar mais ancestralidade indígena do que africana: isso permite afirmar que 45 milhões de brasileiros brancos carregam em sua carga genética DNA de antepassados indígenas e 28% têm ancestralidade africana.
Esse estudo genético, embora insuficiente, pois analisou apenas 200 amostras de DNA em um país de 188 milhões de pessoas, pode ser usado, principalmente, contra o racismo, afinal, um brasileiro, mesmo sendo branco, provavelmente leva em seu DNA os genes de antepassados indígenas e africanos.
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